Quando alguma coisa sai do eixo, não tenha medo de buscar outra peça para o quebra-cabeça da sua vida. Os elementos podem mudar de posição ou perder a conexão com o todo, e é você quem precisa fazer as alterações necessárias para que tudo volte a se encaixar. Por Vanessa Olivier
Mas e quando aquele conhecido mundo já não nos faz felizes como antes? Será o momento de romper a casca que nos protege de nossos possíveis fracassos para nos permitir errar, tentando acertar? Só de pensar em mudar algo estável bate um certo desconforto. Esse sentimento é compartilhado por inúmeras pessoas e, provavelmente, por você também. Pense bem, em algum momento da sua vida você já sentiu algo assim: coração disparado, boca seca, corpo agitado e uma imensa vontade de sumir. Esses sintomas, apontados pela psicóloga e palestrante Meiry Kamia, de São Paulo, são reações corporais que ocorrem no presente movido por um sentimento do futuro – a ansiedade.
Segunda ela, é natural não gostar de mudanças, pois além de provocar sensações físicas desagradáveis, nos obrigada a aprender coisas novas, o que não nos agrada muito porque somos seres extremamente movidos a hábitos. “A rotina nos traz uma falsa sensação de segurança, a crença é: se executar as tarefas todos os dias da mesma forma, isso trará a sensação de que o resto está bem, chegaremos em casa seguros e garantimos mais um dia de vida”, explica Meiry, que também faz um alerta: “É uma crença falsa que nos aprisiona e não permite que possamos aprender e crescer”.
HORA DE MUDAR
1. SEGUNDA-FEIRA É UM MARTÍRIO quem acorda na segunda-feira imaginando que está indo para um velório, sem qualquer disposição de fazer acontecer, tem um dos sintomas clássicos da sobrevivência.
2. RECLAMA SEM SABER O PORQUÊ tudo está chato? Tudo é um saco? Sem vontade de fazer muita coisa? Você “bufa” várias vezes por hora com aquelas coisas que aparecem no meio do seu dia? Se você está reclamando de tudo, a toda hora, para todo mundo, você está no caminho de se tornar uma walking dead (zumbi da vida).
3. O DIA NÃO ACABA COM AQUELA VONTADE DE QUERO MAIS: sabe quando seu dia termina, você está tão cansada, esgotada e ainda tem um monte de trabalho paraser feito? Será que você sente aquele “tesão” de fazer um pouco mais, de tanto que gosta do que está fazendo ou não vê a hora de sair pela porta? (Eu não estou dizendo que é para fazer cansada, trabalhar mais, estou só perguntando se você tem vontade de fazer isso)
4. FAZ MAIS COISAS PESSOAIS NO TRABALHO QUE PROFISSIONAIS: você chega no trabalho, começa a tocar o dia, daqui a pouco vem uma preguiça e você passa a procurar coisas sobre seu TCC, faz um pouco do seu trabalho extra, procura algo da sua próxima viagem etc. Fazer coisas pessoais durante o trabalho não tem problema, se forem no tempo certo e no tamanho do bom senso. Agora, quando toda hora você foge para o pessoal, certamente, tem algo errado.
5. VE PROCURANDO OUTRAS OPORTUNIDADES DE EMPREGO: VOCÊ SEMPRE ACESSA SITES DE EMPREGO PARA MANDAR SEU CURRÍCULO E BUSCAR OUTRAS OPORTUNIDADES? Esse é outro sintoma de que algo está errado com a oportunidade atual. Querer melhorar é natural do ser humano, mas será que você tem um foco específico para isso ou está aleatoriamente buscando algo diferente.
6. SEM TEMPO PESSOAL DE QUALIDADE: há quanto tempo você não faz algo, realmente, de qualidade para você mesma? Seu tempo pessoal é prioridade ou é raridade? Pessoas que sobrevivem não conseguem encaixar muito prazer na agenda, são apenas levadas pelo grupo em eventos sociais, mas algo que goste de verdade fica em segundo plano.
7. SENSAÇÃO DE QUE ESTÁ FALTANDO ALGO: pessoas que estão sobrevivendo, vivem com a sensação de que precisam fazer algo diferente, mudar a vida, dar a guinada, fazer sucesso de verdade. É um pensamento que vai e volta constantemente, mas sem muitas respostas práticas.
8. AUSÊNCIA DE DESAFIOS: quem não tem um grande desafio na sua vida, algo que realmente motive de verdade, acaba entrando nesse ciclo de sobrevivência. Esse objetivo pode ser algo profissional como um novo projeto, uma meta desafiadora, ou algo pessoal como um curso, uma certificação, um empreendimento etc.
9. FOCO NO PRESENTE, FUTURO INCERTO: muitas pessoas só conseguem enxergar o hoje e nem querem imaginar o que será amanhã. Vivem o presente até ele se esgotar, sem criar um futuro que permita uma vida plena. A rotina está tão no automático que essa construção do amanhã não é muito levada em consideração.
A HORA É AGORA
Se você já tem certeza de que precisa mudar, o próximo passo é agir. “Para o bem e para o mal, é somente promovendo mudanças, de forma deliberada e consciente, que aprendemos que somos capazes de influenciar os rumos da própria vida”, aponta a psicóloga Angelita Scardua. A partir do momento em que realizamos a primeira mudança de uma situação incômoda, automaticamente, nos sentimos mais fortes, descobrimos as nossas reais capacidades e, principalmente, entendemos (de uma vez por todas) que, se não houver uma ação, também não haverá uma reação, além do fato de que “os céus não caem sobre nossas cabeças só por- que mudamos de direção”, acrescenta Angelita.
Ao aprender a conduzir os caminhos da nossa vida só temos a ganhar, já que somos desafiadas a nos readaptarmos, a modificar hábitos, crenças e valores. “Podemos encontrar diferentes e novas maneiras de vermos o mundo e a nós mesmas”, aposta a psicóloga, que também faz uma ligação entre esses ganhos e o desapego. “Quando desapegamos, criamos espaço em nossa mente e em nossa vida para coisas novas. Mesmo que não falemos sobre isso, no fundo, sabemos que viver melhor exige que tenhamos a disposição para mudar algumas coisas, seja hábitos alimentares ou a maneira com que tratamos nosso companheiro, por exemplo”.
Então, se você quer mudar sua vida em 2015 (seja uma parte ou tudo) precisa aprender a ser uma pessoa um pouco diferente da que foi em 2014. “Essa deve ser a única e real resolução de fim de ano: mudar! Afinal, a palavra ‘resolução’ tem vários significados, como firmeza, energia em face do perigo, coragem, decisão, ato ou efeito de resolver--se, fluxo etc”.
Está pronta? Então atente-se às dicas da profissional e tenha um novo ano diferente e muito mais feliz:
Exercite a curiosidade
Procure fazer e experimentar coisas novas. Alterne o caminho do trabalho, comece uma atividade física que nunca fez antes, exercite o paladar e o olfato com aromas e comidas que são estranhas para você. Viaje para lugares que não conhece, vá a recantos de sua cidade que não costuma ir. Converse com pessoas diferentes de você, que tenham outra religião, idade, origem cultural e econômica. Abra sua mente para o desconhecido. Isso nos ajuda a repensar o mundo e a nós mesmas, nos fornece novas perspectivas sobre a vida e nos coloca em contato com outras formas de viver.
Desapegue
Faça uma faxina na casa, no local de trabalho e na mente. Se alguma coisa não é mais útil ou gera muito mais emo- ções negativas do que positivas – seja um objeto, crença ou convicção, lembrança, atividade ou até mesmo uma relação amorosa –, deixe para trás. Insistir em manter algo que apenas faz volume ou é um peso na vida, nos imobiliza emocionalmente, gerando culpa e frustração. Enquanto mantemos algo que não contribui para a vida que queremos viver, estamos ocupando o espaço que poderia ser dado a algo que poderia nos ajudar a nos aproximarmos da vida que almejamos.
Planeje
Seja qual for o seu plano para 2015, trace metas. Desmembre o objetivo final em várias etapas – com prazos e métodos viáveis – a serem cumpridas progressivamente para atingi-lo. Avalie suas expectativas e os recursos que você já tem e os que precisa ter para alcançar suas metas. Não adianta planejar o que não se pode alcançar, seja por características pessoais ou pelas condições ambientais. Por exemplo, se você quer emagrecer 12 quilos, não adianta estabelecer a meta de chegar ao peso ideal em um mês. É importante entender que o emagrecimento, para ser saudável e efetivo, deve ser encarado como resultado de uma mudança de hábitos, desde alimenta- res até de rotina de atividades.
Busque o equilíbrio
Não encare o ano vindouro como a única chance para atingir esta ou aquela meta, e sim como a oportunidade para começar pequenas mudanças que, juntas, resultarão em uma transformação mais profunda. Isso significa não canalizar todos os esforços em uma única direção. Nenhuma meta deve ser a sua vida. Uma boa vida deve ser diversa, ter espaço para a família, o trabalho, o lazer, a vida afetiva, o autocuidado, a espiritualidade, os amigos. Se para realizar um objetivo tiver de negligenciar várias outras áreas da vida, dificilmente essa conquista, por maior que seja, compensará o que se deixou de viver. Lembre-se, neste ou no ano que se iniciará, a única vida que você tem de verdade é esta que está vivendo. Tente vivê-la da melhor forma possível.
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