quinta-feira, 29 de junho de 2017

Maternal


Antes, tudo era euforia, pressa,
Uma confusão de anseios
E o tempo vindo em profusão ...
O espelho só refletia uma imagem,
Era apenas eu morando em mim mesma,
E meus olhos buscando a beleza,
O prazer, a eloquência, o mundo ...
Antes, eu era brisa marítima,
Uma força vinda apenas dos ventos diurnos
Algo unilateral,
Antes era só eu e eu nem sabia.
E nem soube quando tudo mudou,
Se foi na descoberta de você,
Ou quando o vi chegar,
Com calma e urgência,
A cada mês mais forte, mais presente
Um novo coração dentro de mim...
Ou ainda naquele dia,
Um banho de dor, medo e devoção,
O seu choro alto, forte,
As minhas lágrimas profusas, confusas,
A nossa conexão se moldando,
Seus olhos nos meus.
Ou se foi no aconchego, quente, doído,
Os primeiros fluídos,
Derramando vida, expelindo amor.
Antes era só eu, bem antes de você.
Hoje o tempo não é mais meu,
Nem o espelho, muito menos o mundo.
Eu não sou mais apenas minha,
E isso é uma dádiva,
Não que ser apenas minha fosse pouco,
Apenas mudou o eixo.
Hoje sou maré,
Uma força movida por uma união perfeita,
A lua e o sol,
Eu e você, um dueto vital
E hoje somos nós, para sempre ...

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Ebulição





A minha pele repele
Sua ausência, seu silêncio,
Reviro lá dentro à procura de paz
Mas minha pele arde,
E atravessa,
E fere meu parco sossego,
Não há paz.

Minha pele implora
Seus lábios, seu tato.
E tudo é torpor,
Longe, bem longe,
Sua pele, quente, maciça,
Não há contato,
Só a mente em desatino,
E tudo é afã.

Um raio cavalga minha pele
E queima, ferve, borbulha,
Dentro só há ebulição.
Mas sua pele, morena, lasciva, tenra
Também implora, na solidão,
No escuro, no vácuo,
Minha pele ébria,
Dissoluta conexão.