terça-feira, 17 de maio de 2011

Sobrevivendo

Pelas cortinas transparentes do horizonte
Foi se esconder, levando silenciosos anseios
E a incerteza de haver um outro oceano
A derramar esperança, e verter às casas de folhas,
Verdes como a mata serrada,
E como aos olhos que lacrimejam dor.
É inútil o calor que grita e consome a pele,
O sol é majestoso, mas não soberano,
O corpo que respira quente é frio,
Treme calado na sua languidez minuta,
Que ainda não sabe a proporção do amanhã,
Como a poeira que se levanta arrastando pilares,
Sem estúpidos tapetes
Para esconder sujeiras acumuladas.
Mas as mãos nuas cavam a terra,
Que não germina frutos, o ventre é seco,
Terra regada com lágrimas vãs.
E entre os dedos borra o desconsolo
Calçando o tempo de fartos minutos,
Que não vê a ruga no olhar,
Nem a debilidade em molambos caminhos.
Mas avante se envereda por errantes calçadas,
Rastros do ato a aviltar o corpo,
Migalhas trocadas por vis invasões,
Sem ao certo saber o estrago,
Só a manchar a alma e a rebocar sorrisos
Por ígneas promessas.
Logo vem sirenes a molestar,
Grades de ferro a gotejar descrença,
A açoitar a serpente do porvir,
Mas a calar a fome com um prato de comida.
Eis a falência dos sonhos,
Sobreviver é tudo ...


Por Vanessa Olivier

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