Há tempos, o amor parecia uma pluma de algodão
Leve, faceiro, com seu corpo roliço, macio,
Enxugando lágrimas, afagando sorrisos,
embrulhando sonhos.
Mas agora o amor é como uma lâmina
Seca, apática, com sua densidade gélida
e seus dentes agudos,
Desferindo golpes ríspidos, retalhando, sem freios,
as veias pulsantes de meu coração.
Não há como parar a dor
Se a navalha ainda está lá,
Ferindo o amor de pluma
Que existia feliz, dentro de mim.
Meu coração hoje sofre,
Só que as lágrimas estão por dentro
Porque não sei escancarar a dor.
Se hoje eu sofro, se meu amor agoniza,
Se o sangue verte sem viço de minhas veias,
Se eu me calo, mesmo estando as palavras a gritar
Dentro de mim, é dentro de mim que se fará o estardalhaço
Por fora, apenas o silêncio,
Um sorriso triste, lágrimas dançando na soleira da retina,
E a vida seguindo seu curso,
Você sendo feliz, longe de mim.
Por Vanessa Olivier